quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Apenas Saudades


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades... Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei... Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou ter se Deus quiser... Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando-se do passado e apostando no futuro... Sinto Saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser... Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei! De quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem nem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer. Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito! Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; De gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive, mas quis muito ter! Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram. Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências... Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer! Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar! Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar. Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade. Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que... Não sei onde... Para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi... Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades em japonês, em russo, em italiano, em inglês... Mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota. Aliás, dizem que se costuma usar sempre a língua pátria, espontaneamente quando estamos desesperados... Para contar dinheiro... Fazer amor... Declarar sentimentos fortes... Seja lá em que lugar do mundo se esteja. Eu acredito que um simples "I miss you", ou seja, lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha. Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos. Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis! De que amamos muito aquilo tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência... - Clarisse Lispector



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Amor e seus Adjetivos




"É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário do de vez em quando.
Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E se vitimiza. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora. Quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na plateia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro. Difícil é amar quem não está se amando. Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente." - Lih Neta

sábado, 10 de dezembro de 2011

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido). Para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior); novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens.
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas, nem acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito viver. 
Para ganhar  um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Por um momento apenas...




... Quero um pedacinho de tempo para poder descansar esse peso do mundo que estou sentindo em meus ombros... Um tempo onde não me perguntem nada, nem me peçam nada, apenas me permitam o direito de dar vazão ao pranto que venho engolindo com o café-da-manhã, enquanto visto a máscara de "olhem como sou valente e forte" ...
Quero ser a criança que pode chorar livremente até que me ponhão no colo, restabelecendo assim, o equilibrio que necessito para dormir em paz.
Quero me aventurar na busca dos sonhos, sem ter que vê-los pintados com as cores do desânimo, ou colori-los com as cores do impossivel... E quero poder brincar com os meus sonhos como se fossem massinha de modelar ilusões... Lambuzar neles meus dedos, até quando precisam se desfazer...
Quero ter companheirismo também nas horas em que tudo parece ter se perdido, e encontrar apenas um ombro onde possa repousar meu cansaço, um ombro que seja silêncio e carinho.
Quero deixar que me invada toda a dor do mundo neste instante, por que ela é minha, real e única, e que como tal seja aceita e compreendida... mesmo que eu ainda não saiba lidar com ela. E quero poder dizer: - Está doendo sim! Sem assustar ninguém, causando uma revolução tão grande que meu mundo pareça ainda mais desabitado. Seria possivel? 
Daqui a pouco tudo vai parecer  diferente e novo, eu sei. Vou secar os olhos e vou à luta outra vez e da dor hei de ressurgir mais forte... Por que sou noventa e nove por cento matéria que dificilmente se desintegra. Então, por favor, por um momento apenas, neste meu pequeno momento humano, neste "por cento" de fragilidade, quero ser igual a todo mundo e chorar...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Caro Sr. Deus!





Caro Sr. Deus,
Estou escrevendo para Ti hoje, por que ultimamente tenho esquecido de orar. Sei que não preciso desta caneta, mas todos gostam de receber uma carta, agora e depois. Sinto muito por não escrever mais.
Por que eu preciso de Ti, mas é difícil ver por que alguém tão grande como Tu precisa de algo em mim. Eu sei que estás aí. Então, como Você está? -Eu estou bem, mas eu não posso mentir às vezes eu me sinto desistindo. Você é tudo que tenho.
Caro Sr. Deus, às vezes eu desejo que Tu vivesses ao lado assim, durante o café Tu poderia me dizer como Tu começou tudo isso, eu acho que Tu viu o nascer do sol de manhã. Obrigado pela lembrança que Tu nunca vais embora, isto me dá esperança. (Dizendo o que Tu já sabe)
Caro Sr. Deus, me diga: TU nuca choras quando nos esquecemos de agradecer a Ti pelas coisas boas em nossas vidas? Eu sei que nem sempre posso entender porque Tu fazes essas coisas boas, mas sei que no final vou fazer até o fim, se eu ficar ao Teu lado. Então aqui estou eu!
Caro Sr. Deus, estou escrevendo para Ti hoje, por que ultimamente tenho esquecido de orar.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sonhar é um sonho



Preciso voltar o mais rápido possível ao mundo dos sonhos, antes que a realidade me roube a capacidade de sonhar, e de acreditar que um dia eles podem se realizar.

Não quero as coisas possíveis de ter. Quero os sonhos impossíveis, mirabolantes. Aqueles que eu vou passar horas e horas imaginando como seria se fossem realizados.
A questão não é realizar, e sim sonhar. Porque o que é a vida, senão sonhar em poder viver?!
Planos traçados de vida perfeita já se foram, tiveram sua época e acabaram. Ninguém mais quer aquela vidinha comum, certinha, imbecil. As pessoas querem ultrapassar seus limites, vivenciar novas vidas dentro daquela que elas já têm. Até porque, todo mundo tem suas fases, e um dia tenho certeza que você vai querer olhar para traz e ver as suas. Talvez rir, chorar, ou sonhar em passar por novas outras.
Pessoas comuns são comuns no mundo. Eu não quero ser só mais uma, eu não. Sou diferente, e prometo que vou ser sempre assim.
Sonhar é ficar várias noites deitado na cama, antes de dormir, imaginando, se deliciando com aquele gostinho da possível realização. Aquele meio que nó na garganta, sabe? Pela ansiedade ou por um medinho do que vai vir e como é que vai ser.
Eu quero sempre acreditar que tudo é possível. E eu quero sonhar muito. E eu quero sonhar com tudo que me der vontade. E caso não se realizem - e eu sei que muitos não irão - tudo bem. Só a sensação de ter acreditado que iriam sim, valeu a pena cada minuto que eu passei pensando neles. Se acontecerem, é conseqüência de alguma coisa que eu não sei, mas como disse Clarice Lispector: “Viver ultrapassa qualquer entendimento”.
Um dia, te garanto, quando você estiver lá pros seus 80 anos, você não vai dizer: “Que vida chata eu tive”.

(Leo Calcerano)