quarta-feira, 15 de maio de 2013

Homem de Lata



Você me lembra muito o homem de lata do mágico de Oz, só com uma diferença: ele confessa a busca por um coração, enquanto você faz a sua silenciosa e se gaba por ser feito de aço da cabeça aos pés. Sentimentos enferrujados, sorriso sempre à mostra, olhos quase nunca atentos; faz a mesma viagem dos personagens do “mágico de Oz” em busca do caminho de casa, mas nem desconfia que sua casa é você mesmo. Procura fora o que está dentro e esconde dentro o que poderia ser bonito aqui fora. Seu caminho é “in”. Talvez se deixasse a armadura de lado pudesse ouvir seu coração batendo em um lugar muito próximo, mas o medo ensurdece; é a coragem que abre os olhos, ouvidos, mente e peito. É a coragem de mostrar fraqueza que fortalece. Mas como pode o homem de lata saber dessas coisas que são emoção? “Homem de lata também sente”, alguns dirão. Concordo. Sente, mas dificilmente amassa. Sente, mas facilmente esquece; por que o chapéu de funil não filtra sentimento. Sente, mas não aperta o coração, não apavora o estomago, não atormenta a mente. Sente sem saber guardar. Quem sabe um dia esse homem feito de lata encontre um mágico que lhe dê um coração; quem sabe um dia ele decida parar de enganar a si mesmo que consegue viver só com dois pulmões dentro do corpo. Quem sabe um dia ele volte um pouco o caminho e vem com o sorriso estampado e o peito, enfim, aberto. O Homem de lata tem olhos invejáveis, abraço de algodão, é imã. Atrai aos outros naturalmente porque é como se algo lá dentro, no centro dissesse assim: "Eu não sei caminhar até aí, mas venha, sente-se comigo e serei ótima companhia." E ele é. Só falta um coração para saber disso tudo. Acho que a Dorothy não se importaria em mudar um pouco a história e dividir o seu, enquanto o homem de lata não descobre o que carrega dentro.  - Anônimo/Adaptado por mim.