Homem de Lata

Você me lembra muito o homem de
lata do mágico de Oz, só com uma diferença: ele confessa a busca por um
coração, enquanto você faz a sua silenciosa e se gaba por ser feito de aço da
cabeça aos pés. Sentimentos enferrujados, sorriso sempre à mostra, olhos quase
nunca atentos; faz a mesma viagem dos personagens do “mágico de Oz” em busca do
caminho de casa, mas nem desconfia que sua casa é você mesmo. Procura fora o
que está dentro e esconde dentro o que poderia ser bonito aqui fora. Seu caminho é “in”. Talvez
se deixasse a armadura de lado pudesse ouvir seu coração batendo em um lugar
muito próximo, mas o medo ensurdece; é a coragem que abre os olhos, ouvidos,
mente e peito. É a coragem de mostrar fraqueza que fortalece. Mas como pode o
homem de lata saber dessas coisas que são emoção? “Homem de lata também sente”,
alguns dirão. Concordo. Sente, mas dificilmente amassa. Sente, mas facilmente
esquece; por que o chapéu de funil não filtra sentimento. Sente, mas não aperta
o coração, não apavora o estomago, não atormenta a mente. Sente sem saber
guardar. Quem sabe um dia esse homem feito de lata encontre um mágico que lhe
dê um coração; quem sabe um dia ele decida parar de enganar a si mesmo que
consegue viver só com dois pulmões dentro do corpo. Quem sabe um dia ele volte
um pouco o caminho e vem com o sorriso estampado e o peito, enfim, aberto. O Homem
de lata tem olhos invejáveis, abraço de algodão, é imã. Atrai aos outros
naturalmente porque é como se algo lá dentro, no centro dissesse assim: "Eu não
sei caminhar até aí, mas venha, sente-se comigo e serei ótima companhia." E ele
é. Só falta um coração para saber disso tudo. Acho que a Dorothy não se
importaria em mudar um pouco a história e dividir o seu, enquanto o homem de
lata não descobre o que carrega dentro. - Anônimo/
Adaptado por mim.
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